segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Cinema e Medicina [1]: sobre o filme Uma Chance Para Viver

    Hoje iniciaremos uma série de postagens intitulada de Cinema e Medicina, que abordará filmes, séries e outras produções que apresentem histórias ou estórias que auxiliem na formação da capacidade imaginativa e da personalidade do estudante de medicina como futuro profissional.
    O filme Uma Chance Para Viver foi lançado no Ano 2008, nos Estados Unidos, e foi dirigido por Dan Ireland. É baseado na história verdadeira do Dr. Dennis Slamon, o médico que realizou todo o processo de pesquisa até a aprovação do Trastuzumabe (Nome comercial: Herceptin), um anticorpo monoclonal utilizando no tratamento do câncer de mama. 


  A obra inicia apresentando o dia a dia de um cientista durante a realização de seus estudos e pesquisas: trabalho duro, pouco reconhecimento, burocracia, falta de recursos, etc. Contudo, desde o começo, a nobreza do ofício e do propósito é apresentada ao telespectador, fazendo-o se envolver com a história e sentir-se parte do processo de desenvolvimento do medicamento. A riqueza de detalhes nas cenas de descoberta dos diagnósticos de câncer de mama, por parte das portadoras e suas famílias, faz com que o telespectador se emocione.
    O Dr. Hélio Angotti Neto, em um dos seus artigos [1], afirma que um dos melhores recursos para formação de um bom médico é aprender com exemplos de professores mais experientes que possam transmitir experiências morais e demonstrar quais são as atitudes desejáveis diante de situações do cotidiano profissional. 
    O protagonista, durante todo o filme, age como um verdadeiro médico deve agir: virtuosamente. Para o estudante de medicina, obras e exemplos como esses são significativamente úteis para desenvolver consciente e principalmente subconscientemente virtudes como compaixão, justiça, esperança, calma, confiabilidade, perseverança, temperança, etc. Se tivéssemos que destacar a principal virtude que a obra deixa como "lição", seria a esperança.
    Por fim, resta-nos recomendar que assistam ao filme, que é facilmente encontrado no Youtube [2].

Referências:
[1] https://academiamedica.com.br/blog/virtudes-da-medicina-como-formar-um-bom-medico
[2] https://www.youtube.com/watch?v=yBzbPhVB46s
    



quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Sobre o livro A Medicina Pós-Hipocrática: O problema e a solução. Autor: Hugh J. Flemming

    O livro A Medicina Pós-Hipocrática: O problema e a solução, foi publicado no Brasil em 2017. A obra foi escrita por Hugh J. Flemming. Em apenas 60 páginas, o autor consegue surpreender os leitores com a sua capacidade de unir história, bioética, moral e teologia de uma forma fácil de ser compreendida até para leitores iniciantes nos estudos das humanidades.

    O foco principal da obra é desconstruir a narrativa que os valores judaico-cristãos foram e são maléficos para a prática médica e apresentar ao leitor como a ética cristã influenciou os cuidados médicos e como a civilização ocidental se beneficiou dessa prática. 

    A obra é distribuída em 04 partes principais
            1) O período bíblico
            2) O período da igreja primitiva
            3) A idade média 
            4) A idade moderna.

    A primeira parte (O período bíblico) é dividida por Hugh em dois tópicos: O Antigo Testamento (AT) e O Novo Testamento (NT). O autor narra que duas verdades foram reveladas no AT: a Santidade de Deus e a criação do homem à Sua imagem e semelhança (imago Dei). Essas verdades, para ele, são os princípios fundamentais dos valores judaico-cristãos. Além disso, há várias passagens do AT que narram Deus curando o seu povo. Já sobre o NT, o Autor apresenta o Deus médico dos médicos, que cura os doentes, ressuscita mortos e alerta a todos que querem segui-lo que terão obrigação de cuidar de órfãos e viúvas, bem como deixa bem claro a todos os seus apóstolos que terão o dom da cura ao usarem Seu nome. 
    Acerca da segunda parte (A Igreja Primitiva), o autor aborda profundamente os primeiros passos da religião cristã, principalmente no que diz respeito à prática médica, e as resistências que enfrentou nas civilizações de cultura greco-romanas, onde o deus Asclépio (Esculápio para os Romanos) era considerado o grande "curador". 
    A principal diferença indicada por Hugh é que o tipo de philantropia (filantropia) praticada pelos médicos greco-romanos, "seguidores de Asclépio", não podia ser definida como amor à humanidade, mas sim ser polido, gentil e simpático. Não que estas características sejam inúteis ou ruins, muito pelo contrário. Contudo, os profissionais greco-romanos demonstravam pouco interesse pelos pobres e necessitados, preferindo tratar os ricos e poderosos que podiam lhe oferecer bens e sacrifícios ao deus Asclépio. Assim, podemos definir esse tipo de prática como utilitarista, estadista e impessoal
    Já a prática médica judaico-cristã, segundo o autor, é baseada no agape (amor cristão), que busca o bem e a cura em todos os enfermos, até mesmo seus inimigos, ainda que contaminados com patógenos mortais em epidemias.
    Em meados do século III uma praga devastou o Império Romano, e os cristãos responderam, apesar de terem sido perseguidos pouco tempo antes de forma intensa e cruel, com um heroísmo desconhecido no mundo antigo. Durante essa praga, surgiu um grupo de cristãos conhecido como parabolani ("os imprudentes"), os quais não mediam esforços para cuidar de TODOS os infectados. Essa preocupação dos cristãos para com os doentes e até mesmo para com seus perseguidores, deu origem aos primeiros hospitais. O  Hospital de Basileia foi fundado por cristãos na Capadócia no ano 372d.c, se tornando o mais conhecido. 

"O médico humano, portanto, manifesta o espírito do agape, da compaixão semelhante à de Cristo, no cuidado para com os doentes, em especial os pobres desprovidos, sem nenhuma intenção de recompensa ou medo de contágio."                                                                                                                                                         - Hugh J. Flemming

   O terceiro período abordado pelo autor (A Idade Média), trata sobre o desenvolvimento da cosmovisão judaico-cristã na sociedade e refuta a narrativa de denominar esse período como a "idade das trevas". Além disso, fala como a arte médica com valores hipocrático-cristãos foi difundida na Europa Ocidental e Oriental, sendo imprescindíveis para garantir tratamento e cura aos seres humanos, sejam pobres ou ricos, infectados com doenças mortais ou não.
    No último período abordado (A Era Moderna), o autor fala acerca da queda das restrições criadas pelo clero e o avanço dos estudos na área de anatomia, cirurgia, imunologia, etc. Hugh ainda escreve acerca de sua preocupação com os caminhos que a medicina está tomando e com as consequências caso ela abandone seu lado artístico e virtuoso para tornar-se utilitarista e tecnicista.    
    Por fim, podemos concluir que a mensagem passada pelo livro é de que a medicina não seria o que é sem os valores hipocráticos e cristãos, e que devemos preservar os princípios e virtudes que norteiam a arte.  

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Sobre

Olá,

este blog foi criado por José Bento, médico residente de Psiquiatria. Aqui, pretendo compartilhar crônicas, resumos e resenhas sobre filmes e livros relacionados à medicina. Além disso, falar sobre bioética, filosofia, história e arte aplicados à medicina. 

Espero que gostem.